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Mudar de opinião sobre si mesma.
Admitir, ainda que a contragosto, que paixões, planos e rostos são passíveis de renovação.
Aceitar que não se é mais o que se era ontem. Assumir, dolorosa e felizmente, que não se manda no tempo, nem em suas mais imprevisíveis e selvagens condições. Agora ou depois, pouco importa quando.
Mudar de opinião sobre si mesma.
Estar em paz com o desconhecer desse outro eu. Saber que pode ser que a mudança venha calma e gradual como sutil brisa. Saber que pode ser que a tempestade venha contraditória e repentina hoje mesmo. Ter a falta de controle como motivação.
Mudar de opinião sobre si mesma.
Compreender que não é preciso reproduzir o que não mais se sente. Que não é preciso conviver com quem não mais se entende. Apenas pelo confortável e gentil hábito de se apegar ao que era dantes por presente.
Enganosa e propositalmente se comprometer demais com identidade essa que se teve e de quem se foi.
Mudar de opinião sobre si mesma.
Acolher sentimentos e amores diferentes. Abraçar novos sonhos e não ter ciúmes dos que não se quer mais sonhar. Deixá-los ir embora. Deixá-los para outros. Deixar que voem livres.
Mudar de opinião sobre si mesma.
Desapegar-se da teimosia de ser quem se foi, para beber na incerta possibilidade do que se pode vir a ser.
Aceitar mudar minha opinião sobre mim mesma.
Libertar-se da estupidez de querer se manter igual.